quinta-feira, 25 de novembro de 2010

DEZEMBRO- Conto de Natal

Certo dia, Sofia acordou e olhou pela janela, não nevava. Claro, aquela não era uma região que tivesse neves. Ainda bem, pois toda a família congelaria se ficasse mais frio do que costumava ser no inverno. Mas ali era verão. Era véspera de Natal.

A mãe fazia o impossível para que seus filhos encarassem a data somente como o nascimento do Menino Jesus, que era o mais importante a ser comemorado. Mas Sofia também tentava fazer com que a mãe pensasse que ela não se importava que seus amiguinhos ganhassem presentes e ela não. Mas Sofia era somente uma criança. 

A menina, de apenas nove anos, era muito consciente. Sabia que sua família era bastante pobre para se dar ao luxo de dar presentes ou mesmo ter uma ceia de natal.

Muitas vezes, durante o resto do ano, os pais iam dormir com fome, porque preferiam que os filhos comessem. Sofia sabia.

O irmão menor tinha três anos e não entendia da dificuldade que passavam. Era feliz na sua ignorância.

Naquela manhã Sofia saiu para comprar três pães. Não questionou a mãe sobre o número inferior de pães, afinal eram as últimas moedinhas que tinha. E eles eram em quatro pessoas na casa. E aquele seria o café da manhã, almoço e quem sabe até mesmo o jantar. A única comida que teriam o dia todo.

A mãe, às vezes, com muito constrangimento, mandava Sofia para a casa de alguma amiguinha, na hora do almoço. E conseguia alguma comida para o filho.

Mas verdade seja dita, não era porque os pais não queriam trabalhar, mas na época em que se passa a história, não havia muitos empregos. Assim como o dinheiro e em conseqüência, a comida. E era pior para pessoas pobres.

No caminho ela contava as moedinhas, quando um senhor perguntou se ela só tinha aquele mísero dinheiro.

– Sim, senhor – respondeu com a tristeza lhe apertando a garganta. – Não vejo a hora de crescer para ajudar meus pais.

– Que pena. Realmente uma pena! – disse ele pensativo. – Eu ia lhe pedir que me comprasse um pão. Faz três dias que não como. Mas vejo que a sua situação não é nada boa.

– Oh, senhor! – disse ela muito assustada – Três dias! Venha, vou lhe comprar um pão.

Os dois entraram na panificadora. Sofia comprou os três pães e deu um para o senhor, que começou a comer ali mesmo.

– Obrigado! – ele sorriu e foi embora.
– Garota – chamou o padeiro, – sei que sua família é pobre e agora você só tem dois pães para dividir. Não devia ter dado sua comida àquele sujeito. Ele estava aí o dia todo pedindo.

Sofia olhou para ele.

– E alguém deu alguma coisa pra ele comer?

O padeiro acenou negativamente com a cabeça.

– Ele estava com fome. E eu dividi minha comida.

A menina saiu e o homem ficou pensativo. Minutos depois ele foi distribuir uma fornada inteira de pães para os necessitados.

Mas Sofia voltou pensando no que diria para a mãe, por estar faltando um pão.

Quando entrou em casa a mãe estava radiante de alegria.

– Venha, Sofia – disse ela carregando a menina para a cozinha, onde o irmãozinho já estava. – Olhe, aconteceu um milagre!

E ela olhou. E viu muita comida. tudo simples para a maioria das pessoas, mas para aquela família, a melhor de todo o mundo.

Sofia chorava.

De repente o pai chegou, batendo a porta da frente e correu aonde todos estavam reunidos.

– Tenho um emprego! – ele carregava presentes! E os distribuiu à família.

Todos se abraçaram.

Quando Sofia, novamente mexia nos pacotes de arroz sobre a mesa, lembrou de perguntar quem havia dado tudo aquilo.

– Estava na porta da frente – disse a mãe. – Alguém tocou a campainha e quando fui atender, tinha uma caixa lá.

Sofia viu a caixa num canto, foi até ela e encontrou lá no fundo um bilhete que a mãe não tinha visto, ele dizia:



“Sofia, obrigado pelo pão. E nunca queira crescer.
Seja etermamente uma criança. 

Feliz Natal!

Papai Noel”

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